segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Um estranho conhecido.

Ali estava ele, bem a minha frente, não o homem quente e inapropriado que eu iria custear por algumas horas de prazer. Quem estava segurando a minha porta, com uma expressão que misturava terror, descrença e vergonha, era a minha maior fantasia da adolescência.


Eu não podia acreditar em meus olhos, o ser digno e com uma capacidade intelectual absurda, estava vendendo seu corpo para mulheres, como eu, sem vida própria.

Seus olhos fugiam da orbita, e o verde tantas vezes quente e sagaz, estavam frios e inexpressivos. A minha vergonha também vinha à tona, porém a disfarcei com mais sucesso que ele. Ele tentou escapar, mais eu o prendi, nunca tinha tido a chance de o sentir verdadeiramente, o desejo corroia a razão.

Implorei para que entrasse, ele disfarçando o arquejo do seu corpo perante a vontade de fugir de tamanha humilhação, e ainda com olhos marejados, aceitou o meu convite, à contra gosto, obvio, mais afinal eu estava pagando por isso.

O levei até a cozinha, fingindo um desembaraço, enquanto me movimentava pelo corredor inapropriadamente minúsculo, para o calor que revigorava daquele corpo másculo.

Já pressentindo que eu não iria desistir de seus serviços, ele resolveu agir da maneira mais recatada e coerente possível, apenas recitando meu nome, uma simples silaba pronunciada por uma voz que eu nunca antes havia escutado.

Clamei por mais, todos os meus sentidos alertas, a razão não reinava mais em mim. Senti seus olhos ainda tímidos vaguearem pelo meu corpo, relembrando as antigas curvas, tanto conhecida e desejada.

O mistéro e a vergonha ainda nos rondavam, porém ele conhecia seu trabalho e acima de tudo teria que cumpri-lo. Meio hesitante ele passou a mão pelos meus cabelos, me fazendo sentir cada pequeno fragmento do meu ser sendo eriçado, o arrepio atravessando meu corpo vagarosamente.

Não conhecia aquele desejo, era insano, imaturo, vergonhoso. Eu tinha tantas perguntas a fazer, tantas revelações para escutar, porém ao mesmo tempo havia uma eternidade de fantasias que apenas com ele eu tive capacidade de idealizar.

Entre o desejo carnal e a curiosidade mental, optei pelo instinto humano mais primitivo; chamei seu nome de maneira persuasiva e sensual, sem deixar chances para outras interpretações.

Ele veio já com sede, me puxando pelos quadris, aproximando nossos corpos de maneira doentia. Fez-me louca com apenas alguns toques, e quando sentiu o meu estado de completo estupor, sussurrou ao meu ouvido que faria o seu dever, sem sentimentos, sem recordações e sem perguntas. Não tive nem o que pensar e já estava a beijar aquela boca macia e saborosa, dando a ele a resposta que tanto temia.

Foi assim que toda sua vida e segredos tornaram um eterno mistério para mim. E essa foi nossa única noite juntos, sem interrupções, sem medos, embaraços ou palavras, apenas desejo, mútuo e ardente.

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