quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Ralo abaixo.

Como foi a minha noite?

É fácil defini-la, junte uma garota solitária com o canto escuro e úmido de um banheiro.
Você está me enxergando? Sou eu ali, sentada no cantinho do banheiro, cabeça escorada no box, e as lágrimas misturadas com a água quente do chuveiro.
O vapor invade todo o espaço, meu dedo molhado, de algumas lágrimas persistentes, escreve teu nome junto ao meu e um coração os enlaça, é ridículo e infantil, exatamente como eu sou aos seus olhos.
10, 15, 30 minutos depois, ainda estou jogada no cantinho, as lágrimas já desceram pelo ralo, levou um pouco da minha angustia e medo, porém estou me sentindo mais só.
A água começa a esfriar, meu corpo protesta a mudança, sinto calafrios, meu coração está ficando pétreo e gelado.
Tento me levantar, é tão difícil, meu corpo está acostumado com a posição defensiva, uma maneira apenas humana do buraco onde estava meu coração não me romper em pequenos fragmentos.
Com muita luta fico em pé, preciso despertar da lamuria, pegar minhas armas, uma caneta e o papel, desabafar aqui me fará sentir melhor ou pelo menos viva.
Não consigo, nem esta simples batalha pessoal eu fui capaz de vencer, deixo a água mais quente. Meu corpo grita, não, os dedos a muito encolhidos, a pele avermelhada, irritada com o calor. Minha alma agradece e pede mais, é reconfortante, lembra o calor humano que nunca fui capaz de sentir.
Sinto a sujeira entremeada em meus cabelos, esfrego o já minguado sabonete neles, ele escapa das minhas mãos tremulas e junto com as lágrimas, vai pelo ralo. É indigno dizer que ele é verde e simboliza a esperança em mim mesmo, indo pelo ralo.
E assim foi minha noite, às quatro da manhã, sozinha e esvaindo pelo ralo.

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