Foi assim que ela morreu, sem palavras confortadoras, sem choro, sem um adeus apropriado. Morria naquele momento, toda uma perspectiva de vida, todos os sonhos e os melhores sentimentos estavam se esvaindo junto com palavras cruéis e odiosas que foram ditas contra ela.
Era completamente esperado que ela se sentisse rejeitada, que quisesse a morte, mais ninguém acreditaria que ela fosse conseguir. O corpo estava intacto, cada mínimo defeito realçado pela falta de alma, as curvas estavam ainda mais largas, o sorriso a face não pertencia e lhe faltava cada vez mais o brilho da juventude.
A alma errante achou seu lugar, não era um hospedeiro, não era um paraíso muito menos o inferno, era um canto fétido e nitidamente inapropriado para alguém que em vida tanto já havia sofrido.
O corpo entrava em decadência, ninguém entendia a falta de vontade para as festas, ninguém entendia o brilho dos olhos inexistentes, só o que sabiam é que ela estava viva, mas quem era ela? Apenas um corpo sem vida, sem alma, sem pensamentos próprios. Terrivelmente renegado, a vida o abandonara sem ter coragem o bastante para dar fim ao corpo.
Parecia menos suicida, ir e deixar o corpo intacto. Poucos sabiam que parar morrer não é preciso um acidente, não é preciso nada alem da força de vontade, porém esta você só adquire diante de uma situação desesperadora, diante do digno momento em que morrer e a única e real solução para se transpor a dor.
O corpo se rendia a falta de expectativa e de vontade já não era mais um motor para que os instintos de sobrevivência permanecessem ativos. Não se queria mais o coração batendo, apenas o descanso o eterno descanso de uma vida frustrante e inacabada.
O bater do coração finalmente se silencio, impressionante mais alma também se sentiu mais leve, em segurança. Mesmo não pertencendo aquele corpo, ela parecia carregá-lo nas costas. Os mais íntimos poucos se importaram com a falência dos órgãos, já estava claro que aquela vida apenas respirava, já tinha deixado de suspirar a muito tempo... E o que é uma vida, sem suspiros?
domingo, 31 de janeiro de 2010
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